Acabou ontem o prazo para as empresas pagarem a segunda parcela do 13º salário aos trabalhadores brasileiros. Esta quantia é menor do que a creditada na primeira parcela, já que incidem os descontos de INSS e Imposto de Renda. Para ajudar os leitores a tomarem boas decisões com o dinheiro em mãos, o EXTRA buscou um especialista em vigorar: o economista Gilberto Nogueira, o Gil do Vigor.
Em videochamada realizada ontem, ele contou que, desde a fama adquirida no Big Brother Brasil, recebe pedidos de conselhos financeiros pela internet, na maioria das vezes escritos por pessoas que foram surpreendidas por situações difíceis, como o desemprego, e não tiveram como arcar com parcelas assumidas anteriormente. Por isso, ele ensina na entrevista a não dar chance ao triste acaso: usar o dinheiro para eliminar dívidas, e também evitá-las. Entre as obrigações e mesmo diante do cenário econômico difícil, Gil afirma, com a experiência de quem já contou moedas: a sua ceia de Natal, leitor, vai acontecer!
Pergunta: A segunda parcela do 13º salário caiu. Qual é a primeira tarefa do trabalhador para usar melhor o dinheiro?
Gil do Vigor: Nosso país, infelizmente, tem uma parcela muito grande de pessoas que estão endividadas. “Ah, Gil, não tô devendo, mas tô com parcela até 50 anos pra frente”. No cenário atual da nossa economia, em que ela não está tão boa, quanto menos dever ou quanto menos da nossa renda ficar comprometida para o futuro, melhor pras pessoas. Numa situação de desemprego, se você tem 24 parcelas (a pagar), provavelmente vai ficar complicado e (seu nome) vai acabar indo para o SPC. Então, minha dica é: pegue esse 13º e analisa tuas dívidas. Vê se você consegue antecipar o pagamento das parcelas. Ou liga para a empresa que você tá devendo e faz um acordo. Elas também querem receber o que você está devendo. “Ah, Gil, o valor é muito alto”. Mas com o 13º você consegue pagar uma parcela, para já começar o ano sem ter seu nome no SPC. O ponto mais importante é conseguir utilizar esse dinheiro extra como uma forma de solucionar dívidas ou evitar dívidas. Se você não está devendo, não tem dívidas a longo prazo, pega esse dinheiro e coloca para render ou para realizar um sonho, porque ninguém é obrigado a ficar sem viajar. Vá simbora para Natal (Rio Grande do Norte), vá simbora viajar, vá simbora gastar.
Pergunta: Entre dívidas e parcelas assumidas a pagar, como escolher o que fazer primeiro?
Gil do Vigor: Você primeiro pega a dívida e vai renegociá-la, para parar de correr juros em cima daquilo. Chega e diz: ‘Olha, eu vou pagar, mas só consigo pagar em três vezes, quatro vezes’. A partir da negociação, não vai mais ser gerado juros em cima da tua dívida. Então você consegue ter uma visão de quanto tem que pagar, o período que tem pra pagar e parar a bola de neve. ‘Ah, Gil, eu não devo nada, só tenho várias parcelas de vários cartões. Comprei uma geladeira em 24 vezes, um rack em 72 vezes.’ Porque amortizar? Quando você divide (uma compra) em 10 meses, quem está te emprestando pensa o seguinte: ‘Se ela só vai me pagar daqui a 10 meses, eu preciso que ela me pague (o preço) corrigido’. Então o valor total que você vai pagar é o que você pegou emprestado corrigido com juros mês a mês, pela inflação. Se você paga antes, consegue negociar um valor menor. Quando é no cartão (por exemplo), liga, faz aquela barganha de milhões e dá aquela vigorada. Adooro! E garante que se, no 12º mês (daí pra frente), acontecer um imprevisto, não tem uma dívida de R$ 500 pra arcar.
Pergunta: Segundo a plataforma de pesquisa Hazo.app, da 121 Labs, a resposta mais popular dos brasileiros para o uso da segunda parcela do 13º salário foi as compras de Natal (35%). Se a pessoa não tem dívidas, está certa? E como fazer o dinheiro render ao planejar a ceia?
Gil do Vigor: Por mais que a gente tenha que falar que as pessoas precisam de uma vida financeira saudável, com uma reserva, não pode ser colocado de lado que o Natal é uma tradição. (Para o leitor:) A sua ceia de Natal vai acontecer. Mas é importante fazer de maneira consciente, fazer substituições. Muitos anos ‘mainha’ não comprava um peru. Comprava um galeto pra assar. Outra coisa é que se você vai fazer uma ceia com a sua família, é legal cada um trazer um pratinho. Família feliz é família que divide. E qual é o número de pessoas que vai cear? A gente costuma fazer aquela quantidade de comida pra um batalhão, que acaba sobrando e, infelizmente, vai pro lixo. Isso não pode. Tem que saber a quantidade de pessoas, já faz uma pesquisa antes de quem come passa ou não come no arroz, e leva a quantidade certa pra cada grupo. Se chegar na hora e quiser comer diferente, não vai comer não. Já dá aquele baile na família. Dá pra fazer sua tradição acontecer sem gastar mais, mas pra isso tem que pesquisar, tem que andar nos supermercados, ver se sai mais barato (comprar) pela internet, conversar com as pessoas.
Pergunta: E os presentes, precisam ser abolidos ou dá pra comprar?
Gil do Vigor: Ô, mulher, é só fazer igual meus amigos-secretos. Já ganhei tanta coisa ruim... Uma vez dei um presente de R$ 10 e ganhei uma caneta de R$ 1. Esperto foi o cara que me deu a caneta, eu que fui besta. Acho legal o amigo-secreto, pois a gente estipula um preço. Mas às vezes colocam R$ 30 e vai fazer falta no orçamento. Então é importante as pessoas lembrarem que é sobre o valor, é sobre a brincadeira. Estipula em R$ 5. Às vezes a mãe tem cinco filhos, então vai ficar caro pra ela. Entender com a sua família isso e fazer algo mais consciente permite que todo mundo possa participar e não comprometa muito a renda. Outra opção é deixar pra fazer o sorteio na hora. Então todo mundo tem que levar algo neutro e ninguém fica chateado por não ter comprado o presente daquela pessoa, que tinha que ser uma televisão 54 polegadas. (Risos)
Pergunta: A forma de pagamento dos presentes também importa?
Gil do Vigor: A forma de pagamento pode facilitar a vida de quem vai receber. O preço parcelado em 12 vezes ser o mesmo preço à vista está errado. E ‘à vista’ não é só dinheiro vivo. É quando a pessoa vai receber tudo de uma vez só, mesmo no cartão de débito ou de crédito. Então quando você estiver barganhando, faça questão de dizer que a vista precisa de desconto.
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