São Bernardo do Campo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na tarde deste sábado, a centenas de militantes que estavam em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), que precisava provar "que o juiz Moro (agora ministro) não é juiz, mas um canalha, e que Dalagnol (Deltan) não era promotor". "Eu tenho mais uns dez processos nas costas, mas é uma mentira atrás da outra. Vocês viram que inventaram uma mentira e tentaram prender a Dilma", disse Lula.
O ex-presidente disse também que o atual presidente, Jair Bolsonaro, deve sua eleição ao ex-juiz federal e atual ministro da Justiça. "Eleição de Bolsonaro também se deve à campanha de fake news feita contra o [Fernando] Haddad", disse o petista durante o discurso. Este é o segundo discurso de Lula depois de ter deixado ontem (8) a carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR).
Ao lado da presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, do ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, de Paulo Pimenta, do deputado federal Paulo Pimenta, do ex-candidato do PSOL Guilherme Boulos, da vice-governadora de Pernambuco Luciana Santos (PCdoB), da governadora do Rio Grande do Norte Fátima Bezerra, do deputado federal Marcelo Freixo e de outros nomes políticos e de movimentos sociais, o ex-presidente Lula foi recebido ao som de Brilha uma Estrela, jingle da sua campanha presidencial de 1989. Gleisi foi a primeira a falar antes do ex-presidente. “Há um ano e sete meses nós estávamos nesse sindicato e vocês estavam aqui firmes e fortes. Nós dissemos que resistiríamos e traríamos Lula de volta. Lula voltou”, comemorou a presidente do PT. Ela cumprimentou lideranças do PSOL e do PCdoB presentes no local.
Depois dela, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Wagnão, também fez discurso classificando Lula como “a esperança” e “o caminho”. “A liberdade de Lula não é a liberdade de um cidadão, é a liberdade de cada um de nós”, afirmou.
Ao subir no local, Lula iniciou discurso criticando o helicóptero da Rede Globo e falando sobre rotina dentro da cela da Polícia Federal.
Os ataques não se limitaram somente à TV Globo. "A TV do Silvio Santos [SBT] está uma vergonha, a Record está uma vergonha, a Globo está uma vergonha", afirmou Lula.
Lula fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), ao ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro e o coordenador da força-tarefa Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol.
Depois, Lula atacou Sergio Moro. “Muitos de vocês não queriam que eu fosse preso em abril do ano passado”, disse Lula. “Quando um ser humano, um homem, uma mulher, tem clareza do que ele quer na vida, tem clareza do que eles representam, tem clareza de que seus autores, seus algozes, seus acusadores estão mentindo. Tomei a decisão de ir lá para a Polícia Federal. Poderia ter ido a uma embaixada, a um outro país. Mas eu tomei a decisão de ir para lá. Porque eu preciso provar que o juiz Moro não era juiz, era um canalha, que estava me julgando”, afirma Lula.
"Quero que vocês saibam que, além de continuar lutando para melhorar a vida do povo brasileiro –que está uma desgraça– além de lutar para não permitir que esses caras entreguem o país, eu quero dizer em alto e bom som que o lado mentiroso da PF fez 1 inquérito contra mim. O lado mentiroso e canalha do Ministério Público e o [Sergio] Moro e mais o TRF-4, eles têm que saber: eles não prenderam um homem, eles tentaram matar uma ideia, e uma ideia não se mata. Uma ideia não desaparece", disse.
Por mais de 40 minutos de discurso, Lula tocou no nome de Bolsonaro e criticou o governo mais de uma vez, falando sobre desemprego, empregos informais, aposentadoria e até mesmo sobre o governo de Trump. “Esse país não merece o governo que manda os filhos contarem mentira todo dia através da Fake News”, disse.
Quando o público começou a xingar o presidente, Lula pediu que as pessoas evitassem palavrões e a repetição do que aconteceu com a ex-presidente Dilma quando ela participou da abertura da Copa do Mundo.
“Ele tem que explicar onde é que está o Queiroz, onde ele construiu um patrimônio de 17 casas (...) eu quero que ele explique por que eles estão falando que não vão mais aumentar o salário mínimo durante dois anos”, apontou Lula. Ele falou, ainda, que pretende andar pelo País levando Haddad e outros companheiros da esquerda para que “em 2022 a chamada esquerda que o Bolsonaro tem tanto medo derrote a ultradireita”.
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