As afirmações, lúcidas, foram feitas à rádio Renascença, uma emissora de Portugal. “Muitas vezes, me pergunto como será a minha cruz, como é a minha cruz. As cruzes existem, não as vemos, mas existem. Também Jesus foi popular em um certo momento e terminou como terminou. Para ninguém está garantida a felicidade mundana”, afirmou Francisco.
O pontífice católico, em um momento de descontração, revelou que “nunca conheceu um português bravo”, fazendo referência a um padre do país que é seu amigo, e acrescentou que conhece pouco da nação: “Em Portugal, só estive uma vez no aeroporto, há anos, quando vinha para Roma, num avião da Varig que fazia escala em Lisboa, por isso, só conheço o aeroporto. Mas conheço muitos portugueses”.
Sem fugir aos assuntos mais sérios e urgentes, como a crise imigratória de refugiados que buscam abrigo na Europa, Francisco afirmou que a origem do problema é a idolatria ao deus dinheiro.
“É a ponta de um iceberg. Vemos estes refugiados, esta pobre gente que escapa da guerra, que escapa da fome, mas essa é a ponta do iceberg. Porque debaixo dele, está a causa. E a causa é um sistema socioeconómico mau e injusto, porque dentro de um sistema econômico (dentro do mundo, falando do problema ecológico, da sociedade socioeconômica, da política) o centro tem de ser sempre a pessoa. E o sistema económico dominante, hoje em dia, descentrou a pessoa, colocando no centro o deus dinheiro, que é o ídolo da moda. Ou seja, há estatísticas, não me recordo bem (isto não é exato e posso equivocar-me), mas 17% da população mundial detém 80% das riquezas”, afirmou.
Francisco também pediu aos cristãos que sejam misericordiosos e reconheçam quando cometem erros: “Precisamos aprender a não julgar os outros porque podemos ser hipócritas. Um risco que todos devem tomar cuidado”.
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